separação ou poema do retorno
então me jogo para fora de mim
me jogo do mar ao navio em deriva
me jogo da praia segura ao precipício
na queda, no nado, no nada, tento me encontrar
me jogo, melhor a incerteza que essa dor que me move
melhor recolher as feridas sangrentas
a dor que me faz respirar, digerir, excretar
vou digerir e excretar a mim
respiro a distância de você
meus neurônios marcam o tic-tac, marcam a sinapse, tic-tac
de tudo
tic-tac do tempo que não mais terei
em mares, rios e terras de saudade marco o caminho
marco o caminho com nervos expostos e dilacerados
com cortes , com ruptura brusca e fundamental
ruptura da ligação epitelial entre mim e você
meus nervos clamam por ti
meu encéfalo pede por ti
meu corpo febre por ti
minh`alma se separa por ti
meu desejo esquece por ti
que importa agora se uso palavras comuns, ou rimas fáceis ?
que importa agora se soa dor?
que importa se vou?
enfim, recolho o sangue e a lama virulenta, para caminhar e
talvez viver
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