27 março, 2012

A curta e triste história da Jia Gil

A curta e triste história da jia Gil

 Essa e a curta e triste história da jia Gil, uma jia comum em morfologia e fisiologia, porém nada comum no tocante a um simples detalhe que era a percepção de Saber sobre a vida , coisa muito rara entre as mesmas de sua espécie . A jia Gil sempre se perguntava do alto de sua parede fria e úmida , como seria a vida fora dos seus domínios territoriais, fora das esquinas triangulares, como seria a vida de um sapo rei, que dominava o território onde as paredes eram erguidas, paredes estas que eram verdadeiros condomínios de jias e jias e jias, como seria a vida depois da morte , como seria o teto para onde vão as jias que em vida se resignavam, como seria encontrar o anfíbio criador, de que muito se falava , ser de duas vidas , que habitou os tempos primórdios da criação na terra e teto. Tempos se passaram , e a jia Gil não sabia mas o que pensar sobre as outras jias tão maltratadas por elas mesmas , jias que nada sabiam sobre a terra, como então atingiriam um dia o teto. Tempos se passaram e a jia Gil não conseguia mais aceitar a condição de viver para comer moscas ou pequenos insetos que eventualmente passavam a sua frente , não conseguia mais esperar por uma fêmea para reproduzir, tinha urgência em viver , descobrir novos sabores, novos sexos, novas paredes,paredes além da fronteira , além da terrível fronteira porta , tão temida , tão temida porta . Como viver nessa angustia anfíbia, como viver sabendo a verdade, como viver sabendo que muitos não sabem o que ele sabe, e se todos soubessem? E se todos deixassem de ser só jias plurais e passassem a ser jias individuais no coletivo da vida?  Vivia então a observar e pensar, vivia então a comer, e tomar remédios controlados , esperando o dia da libertação . E um dia triste pensou o que não deveria nunca ter pensado. No fatídico dia a jia Gil pensou em voar , voar para o além, voar e chegar ao chão e virar sapo, mas não sapo comum, sapo-jia. Não suportava mais tanto tempo para não ter tempo de viver , não suportava mais as noites frias que antes eram tão gratificantes , queria mais que essa dor constante, mais que a limitação . Então tomou mais um remédio e junto veio coragem. Ah, se ele soubesse, ah, se ele soubesse o que viria. Então pulou, pulou para liberdade, para o além porta , além janela, pulou para a vida, e caindo ainda pensou que o chão seria seu teto... No chão encontrou a morte, do teto jamais saberemos. 

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